Audiência pública expõe crítica situação de empregados(as) da Emater-MG, sem recomposição salarial há 3 anos

Foto: Willian Dias-ALMG

Aconteceu nessa terça-feira, 26/4/2022, a audiência na Comissão de Administração Pública da Assembleia Legislativa de Minas, por requerimento da deputada Beatriz Cerqueira, para discutir a grave situação vivida pelos(as) empregados(as) da Emater-MG – Empresa pública que, de maneira paradoxal, recebe prêmios constantes pela excelência dos serviços prestados.

Até o momento, os trabalhadores não conseguiram concluir as negociações da data-base 2021, estão sem pagamento das progressões nas carreiras, acumulando até 3 letras não concedidas e, com a estipulação de metas abusivas, o que gera sobrecarga e adoecimento dos trabalhadores. Durante a audiência foi colocada a crítica situação que vivem e foi cobrada valorização profissional por parte da Empresa.

A mobilização contou com a presença de trabalhadores de todas as regiões do Estado, que lotaram a audiência, inclusive, com participação na área externa do auditório. Um dos pontos de reivindicação é a ausência de cumprimento da data-base da categoria, que, até o momento, não conseguiu chegar a um acordo quanto ao atendimento de suas reivindicações junto à direção da Empresa e ao Governo do Estado, nas negociações coletivas 2021.

O representante sindical de Belo Horizonte, Walfrido Machado Albernaz, falou sobre a difícil situação em que foram colocados os empregados(as) da Emater-MG, que mesmo com o extremo arrocho salarial, cederam na negociação, abriram mão de valores retroativos e, ainda assim, não há a conclusão das negociações.

Achatamento salarial

Na sua fala, o diretor-geral do SINTER, Fábio Alves de Morais, destacou o quanto os(as) empregados da Emater-MG já abriram mão, cedendo ao limite para que as negociações sejam concluídas e aliviem a grave situação financeira, por estes vivida: “O que nós vivenciamos na mesa de negociações foi a oferta de migalhas e a exigência de grandes fatias do pão de cada dia de cada trabalhador”.

Diretor geral do SINTER expõe a crítica situação vivida pelos(as) empregados(as) da Emater-MG.  Foto: Willian Dias-ALMG

Fábio reforçou, ainda, a falta de acordo em 2019, devido à ausência de qualquer proposta por parte da Empresa que não fosse reajuste zero, o que levou a categoria ao ajuizamento de dissídio coletivo. Já em 2020, o acordo foi assinado na condição de se retomar a discussão da recomposição salarial – o que não aconteceu, e já em 2021, a direção da Empresa apresentou contraproposta, mas condicionando os 10,06%, que repõe apenas parte da perda acumulada, à desistência das ações de reposição de perdas anteriores, à retirada de direitos conquistados e à quitação da data-base de 2022.

A diretora da base Triângulo, Claudia Aparecida Sabino El Armali, destacou que é preciso seguir dialogando para a conclusão das negociações.

Na fala do Sindicato foi demonstrado, também, os excelentes resultados da Empresa, presente em 805 municípios mineiros, e que, com o suor de seus(as) empregados(as), recebe diversos prêmios, é considerada a melhor empresa de extensão rural do País, com mais de 2 milhões de atendimentos para 285 mil agricultores familiares.

Na contramão dos excelentes resultados que apresenta, a Empresa impõe sobrecarga de trabalho, devido à falta de empregados(as) em número suficiente: “Todo o reconhecimento da Empresa, é graças à dedicação dos trabalhadores. E em troca o que recebemos é achatamento salarial e metas abusivas de trabalho; é isso que o governo está fazendo com a gente. É urgente a contratação de mais funcionários, mas com uma política de valorização salarial nos concursos. Cerca de quarenta por cento dos contratados, via concurso público, desistiram. Era um posto de trabalho almejado por muita gente, mas que deixou de ser atrativo”.

Plano de carreira e falta de pessoal no campo

A deputada Beatriz Cerqueira questionou a direção da Empresa quanto a estudos em relação ao plano de carreira para os servidores. Na sua avaliação, um plano de cargos e salários promoveria a valorização da categoria em médio e longo prazos.

A parlamentar observou ainda que, no Brasil, observa-se, desde o governo Temer, uma lógica de redução de direitos, o que provocou o empobrecimento dos trabalhadores e o aumento do desemprego. Beatriz questionou os diretores da Empresa presentes, se este também é o eixo de negociação da Emater – conceder avanços se a categoria abrir mão de direitos. A deputada reforçou que se esta for a linha seguida pela Empresa, o sindicato não deveria mesmo aceitar.

O Plano de carreiras foi destacado, também, na fala de Deyler Nelson Maia Souto, representante da Zona da Mata.

Outro ponto questionado pela deputada foi o déficit de empregados(as) existente. Sem dar um número preciso, o diretor financeiro da Empresa informou que hoje são 1830 empregados, sendo 30 não concursados. Ele falou, também, que a Emater chegou a ter 3800 funcionários. Informou, ainda, que foram contratados 240 funcionários, o que não é nem de longe suficiente para repor o número de funcionários necessários, o que foi complementado pelo diretor geral do Sinter, que informou que, para atender toda a demanda de serviços com qualidade, seriam necessários 2552 funcionários, reforçando o pedido de que haja mais contratações para aliviar a sobrecarga e o adoecimento dos trabalhadores.

Ao final da reunião, Beatriz Cerqueira anunciou que seria aprovado um requerimento de sua autoria e de colegas avalizando as propostas da categoria junto ao Governo de Minas. Ela também sugeriu que se aguarde a nova reunião do Cofin (Comitê de Orçamento e Finanças) que acontece nesta quinta-feira (29), para observar os avanços e definir os próximos passos na luta.

Com informações da ALMG.

Assista a audiência pública:

 

Fotos da audiência pública: