Fusão Emater e Epamig: Não há diálogo com trabalhadores e agricultores, mas o diálogo acontece com concorrentes da Emater

Desde que a secretária de Agricultura de Minas, Ana Valentini, anunciou, segundo palavras dela em reunião com o Sindicato, a “vontade” do governador Romeu Zema, em fazer a fusão da Emater com a Epamig, o Sindicato, trabalhadores da Extensão e agricultores vêm lutando contra este projeto que significa o fim da Emater, entendendo que qualquer intenção de modificação profunda no sistema de ATER pública do Estado deve ser amplamente discutida com trabalhadores e agricultores. Abertura de canal digital para envio de sugestões não é discussão ampla e democrática. Isto não é diálogo.

Porém, apesar das negativas em ouvir, de fato, as entidades representativas dos trabalhadores ou os agricultores familiares, Seapa, Emater e Epamig preferem discutir a fusão com entidades que têm interesses que convergem com os da Emater, entidades concorrentes na Assistência Técnica, conforme matéria divulgada no site da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA).

Chama a atenção a fala da secretária Ana Valentini: “…Estamos abertos a ouvir todos os posicionamentos com clareza e a refletir sobre eles…”

Quando estiveram abertos ao diálogo?? Quando agricultores, entidades representativas dos trabalhadores ou qualquer outro afetado por um processo de fusão como esse, foi verdadeiramente ouvido? Em nenhum momento!

Ana Valentini diz ainda: “…Com a boa vontade de todos, esse processo de construção será muito bom para Minas. Porém, estão espalhando fake news, dizendo que iremos acabar com a extensão rural gratuita, e isso não é verdade.”

Consta, porém, no plano de governo de Zema: “… Junção da UEMG, Epamig e Emater, e privatização das mesmas, com estabelecimento de “golden share”…” 

Como é possível ter boa vontade com um projeto construído às escuras? Como é possível ter boa vontade, quando o plano de governo de Zema dizia claramente que a intenção era privatizar a Emater e, nesta mesma matéria da CNA, em fala de Christiano Nascif, superintendente do SENAR Minas, ele diz: “…inclusive, estamos desenhando uma proposta de utilizar o conhecimento embarcado da EPAMIG, por meio de parcerias público-privadas, para servir de referência para o nosso trabalho de assistência técnica-gerencial.”?

Ora, Secretária, onde está a fake news em dizer que tal projeto de fusão pretende acabar com a extensão rural gratuita? Tudo o que temos de informações, até o momento, levam a ATER pública para esse caminho, do sucateamento, para posterior extinção.

Qual o objetivo de órgãos públicos em discutir a fusão, com Empresas que entram na linha de concorrência com a Emater, ao invés de discutir com agricultores, trabalhadores da Extensão e sociedade?

Outro ponto é que é a primeira vez que a Faemg se posiciona sobre a fusão, e se posiciona politicamente em apoio ao governo, sem considerar interesses da agricultura familiar. Roberto Simões, presidente do Sistema FAEMG/SENAR/INAES, diz: “… Essa é a nossa posição: primeiro, porque é uma questão política…. Estamos juntos com o governo, vamos trabalhar do jeito que vocês entenderem que reflita no melhor desempenho.” Cadê a voz dos agricultores em um processo que vai impactar diretamente em suas vidas?? Cadê a participação popular??

Discordamos de que essa é uma questão política. Essa é uma questão social, que vai impactar diretamente na vida dos agricultores e da população mineira! A vontade do governo não é absoluta! A necessidade da população pela manutenção da ATER pública sim, é absoluta!

Seguimos em defesa da agricultura familiar, em defesa da ATER pública e lutando para que uma “fusão política” não sobreponha os interesses do povo mineiro.

Em breve teremos audiência pública na Assembleia de Minas para debater a fusão. Contamos com a participação de todos para que possamos, juntos e com o verdadeiro diálogo, barrar o avanço de um projeto que, claramente não é o melhor caminho para Minas ser o tão famoso jargão “Estado Eficiente” pregado por Zema. Estado mínimo nunca é eficiente!

A Emater não precisa de fusão. A Emater precisa é de valorização! #ematersimfusaonao