Sem sede, sem história! Mais um ataque à Emater-MG e seus empregados
O governo Zema está ofertando vários imóveis à União, constantes dos seus ativos, para abater nos valores da dívida do estado, atendendo ao Programa de Pleno Pagamento da Dívida dos Estados (Propag).
O Projeto de Lei nº 3.733/25, que tramita na Assembleia Legislativa, autoriza ao governador a oferecer imóveis do Estado para a federalização ou privatização a preço de liquidação, um verdadeiro “saldão”! Desfaz de um patrimônio de valor incalculável, que pertence a todos os cidadãos mineiros.
No governo Zema, desde sua primeira gestão, é sua meta destruir o serviço público.
Nesta liquidação, pasmem, foi ofertado o prédio da Emater, onde funciona o escritório central.
Tal imóvel tem muito mais que o valor patrimonial. Trata-se da identidade institucional, história de mais de quatro décadas, de valor imaterial incalculável. Berço de inúmeras políticas públicas eficazes, projetos transformadores e orientações técnicas inovadoras que fortalecem a agricultura familiar, garantindo segurança alimentar, gerando desenvolvimento em centenas de municípios e transformando a realidade de agricultores e agricultoras de todos os cantos de Minas.
No decorrer dessa semana, o Presidente do Tribunal Regional da 6ª Região, Desembargador Federal Vallisney de Souza, acompanhado de outros desembargadores, esteve na sede da EMATER, vistoriando tudo e, ao final, manifestaram satisfação com o que viram. Ora, instalar um anexo do Tribunal Federal ali é muito interessante, seja pela estrutura, seja pela localização.
Levar os restos mortais da EMATER para a cidade administrativa, é muita humilhação!
Entregar a sede da Emater é pisar na sua história! É arrancar suas raízes, fragilizando sua estrutura e desvirtuando, ainda mais, sua missão. É desvalorizar o que ela representa para agricultores, extensionistas e sociedade. Sem essa referência física e simbólica, a Empresa perde não apenas um espaço, mas parte essencial de sua institucionalidade.
Há total desprezo pela atuação da Emater, tratada como simples mercadoria. Um símbolo da soberania alimentar e da presença do Estado junto aos agricultores e agricultoras. Essa é uma violência à memória de gerações de extensionistas que construíram tijolo por tijolo, a credibilidade incomum alcançada pela Instituição.
Esse governo ultraliberal executa seu projeto de estado mínimo, pouco se lixando com os prejuízos que causa à sociedade.
Muito grave ainda é que nessa diretoria com cabeça enorme, com 3 empregados de carreira, que cumpliciam com esse projeto de destruição da EMATER. Para esses, o que vale são seus interesses pessoais – Não querem largar o osso! É impressionante também a inércia dos demais diretores, que nada fazem para “defender os interesses da empresa”!
É chocante! Primeiro cortam os salários dos empregados; depois não concedem as progressões horizontais devidas; fazem acordos vis – se apropriando de mais de 50% dos valores devidos aos empregados; massacram os trabalhadores com metas impossíveis; não permitem concurso público. Verdadeiro absurdo!
O momento é grave! O SINTER lutará com todas as suas forças, para que essa destruição não se consolide.
O SINTER sempre lutou pelos trabalhadores da ATER pública e continuará lutando contra a destruição da EMATER, especialmente pela sua importância como política pública para a agricultura familiar, assegurando a soberania alimentar para nós, cidadãos mineiros!
Temos de reagir já!
É PRECISO AGIR!
Bertold Brecht (1898-1956)
“Primeiro levaram os negros
Mas não me importei com isso
Eu não era negro
Em seguida levaram alguns operários
Mas não me importei com isso
Eu também não era operário
Depois prenderam os miseráveis
Mas não me importei com isso
Porque eu não sou miserável
Depois agarraram uns desempregados
Mas como tenho meu emprego
Também não me importei
Agora estão me levando
Mas já é tarde.
Como eu não me importei com ninguém
Ninguém se importa comigo.”