TRABALHADORES(AS), VERDADEIROS PROTAGONISTAS DO SERVIÇO DE ATER PÚBLICA
Gestão temerária da Diretoria da Emater
A Diretoria da Emater-MG vem patrocinando eventos grandiosos com gastos financeiros que, em nada repercutem na efetivação das ações de assistência técnica e extensão rural, com propósitos que nos levam a intuir que são muito mais de promover pessoas do que a própria instituição. Há flagrante contradição à narrativa dos gestores, que, quando se trata de direitos dos trabalhadores, alegam especialmente, impedimentos da Lei de Responsabilidade Fiscal e do Regime de Recuperação Fiscal.
A Diretoria da Empresa realizou, em 04/11/2024, um evento em Belo Horizonte, para lançamento de programa destinado a jovens do campo, que em nada inova daquilo que a EMATER já realiza há décadas, ao estimular a juventude ao acesso a diversas políticas públicas, como o Pronaf Jovem. Para tal lançamento, foi mobilizado todo o Estado, com centenas de jovens e técnicos, todos circulando nos veículos da Empresa, nas rodovias mais movimentadas, vindos de todos os cantos do nosso estado, viajando por centenas de quilômetros, madrugada afora, sob riscos de acidentes. Convocados, compareceram e lotaram o auditório! O programa não apesentou nenhuma novidade e ainda foi lançado com farta distribuição de brindes, como Kit de camisetas e chapéu, promocionais. A que custo?
Mesmo após esse grande lançamento, decide-se realizar um segundo lançamento do mesmo programa, em Montes Claros, no dia 26/03/2025, seguindo-se os mesmos protocolos: convocação de empregados(as) da Emater levando jovens rurais das Unidades Regionais de Salinas, Januária, São Francisco, Janaúba e Montes Claros. Mas desta vez, com uma inovação: a história de sucesso de um jovem rural foi nada mais, nada menos que a história do Deputado Federal José Silva, que, de fato, tem sua origem no meio rural, e que foi admitido na Emater, tendo uma carreira promissora, com pouquíssimo tempo de trabalho em escritório local, passando a ocupar cargos gerenciais e, inclusive, de presidente da Empresa, posição na qual teve a sua projeção popular.
Ora, trata-se de exemplo “sui generis”! Imagina? Quanta “meritocracia”! Sonhem, jovens rurais! Se ele conseguiu, vocês poderão alcançar tal patamar!
Usar o espaço institucional para projetar um político, que, inclusive, fez convite para se inscreverem em suas mídias e ganhar um livro, é verdadeira campanha eleitoral antecipada.
Como não bastasse a falta de razoabilidade, considerando-se a existência de tecnologias como videoconferências e lives, que atingem números maiores de pessoas, a custo insignificante, sem exposição a riscos de vida, será que essas despesas gigantescas, fazem parte do orçamento que foi divulgado pela empresa, que será da ordem de 2 milhões de reais, de recursos próprios???? Quanto estes eventos estão custando para os cofres públicos e quanto vai chegar, de fato, para a execução do programa????
Trata-se de situação paradoxal: como pode uma empresa pública “dependente” utilizar recursos próprios em programas ditos “de governo”????
Qual o custo desses eventos? Onde está a tão propagada e defendida Lei de Responsabilidade Fiscal? Porque invés de bancar eventos que projetam pessoas, esses recursos sejam destinados a bancar ações concretas e diretas no apoio aos jovens do campo?
Além disso, qual é a real intenção em um evento que não apenas duplicou os gastos, e ainda teve participação de políticos? Qual seria o papel deles em um evento que deveria ser exclusivamente técnico? Seriam essas presenças políticas realmente necessárias para se alcançar os objetivos do programa?
Há fortes indícios de tratar de uma estratégia de marketing político, onde se busca mais visibilidade pessoal e menos resultados concretos.
A gestão responsável dos recursos públicos é obrigatória e uso das tecnologias disponíveis para realização dessas atividades reduz drasticamente os custos, para que esse dinheiro possa ser destinado para ações que promovam de fato a educação, a qualificação e a autonomia dos jovens, sem as distrações de um espetáculo para a promoção de interesses pessoais.
O que não podemos esquecer é que, mesmo com os constantes aumentos no custo de vida, há enorme dificuldade em se conseguir migalhas na recomposição inflacionária e os salários seguem estagnados. Além disso, o que deveria ser um direito garantido, como as progressões horizontais, continua sendo postergado, o que agrava mais a situação econômica de quem se dedica tanto ao trabalho. Para piorar, aquilo que deveria ser incentivo real ou ferramenta para a realização do trabalho – obrigação da Empresa – é oferecido como mascaradas premiações por excelentes serviços prestados por suas equipes. A realidade dos(as) empregados(as) da Emater está caótica!
Se tem dinheiro para viagens e eventos, gastos comprovadamente desnecessários, é preciso usar tais recursos para melhorar a situação desses(as) que são os responsáveis diretos pela execução da política pública de ATER na promoção da dignidade no campo.
O SINTER repudia tais atos que tornam temerária a gestão de tão importante instituição para o desenvolvimento rural sustentável – EMATER-MG.
E conclama os seus gestores para que revejam suas escolhas e destinem os recursos financeiros disponíveis para melhorar os salários e condições de trabalho de seus(uas) empregados(as), que são os verdadeiros protagonistas das ações da Empresa.
Seguimos juntos lutando por valorização salarial e condições dignas de trabalho!