Valorização ou ofensa?

Foi veiculada recentemente, a matéria “Emater-MG adquire veículos, smartphones e notebooks para melhoria do atendimento aos produtores”, informando que as aquisições fazem parte do investimento de mais de R$ 24 milhões por parte da Empresa, para melhoria da logística, modernização tecnológica e estrutura de seus escritórios.

Na mesma matéria, o Secretário de Estado de Agricultura, Pecuária e Abastecimento, Thales Fernandes, diz que “…sem dúvidas, a assistência técnica tem um papel fundamental para a agropecuária estadual. Isso é desenvolvimento, emprego e renda para Minas Gerais”.

Quando nos deparamos com essa afirmação, ficamos orgulhosos, em um primeiro momento, mas ao refletir sobre a nossa situação atual, percebemos que a fala do secretário pode, também, nos ofender.

Basta relembrarmos que a Extensão Rural é, acima de tudo, um processo educacional, baseado no conhecimento da realidade rural e adequado às necessidades do meio, que conta com a participação da família rural, dos líderes da comunidade e com o apoio das autoridades locais.

Tendo em vista o papel da ATER pública, nós, extensionistas do estado de Minas Gerais, fazemos o nosso serviço com muito comprometimento, dedicação e orgulho, e, pelo trabalho por nós desenvolvido, não há empresa pública ou privada que tenha tamanha competência nessa atividade, a Emater-MG é referência nacional.

Mas, quando vemos que o simples cumprimento da obrigação da Empresa, de fornecer equipamentos para a realização do nosso trabalho, se torna compensação por metas, isso nos ofende!

Não oferecer reajuste ou melhoria salarial é o que nos ofende!

Não pagar as nossas letras é o que nos ofende!

Escritórios insalubres, sem infraestrutura mínima e digna, é o que nos ofende!

Não ter plano de carreira é o que nos ofende!

Não ter segurança adequada (EPIs, seguro de veículos, etc.), é o que nos ofende!

A falta de quadros completos nos escritórios, com administrativos e/ou auxiliares de serviços gerais é o que nos ofende!

Não ter metas condizentes com a realidade local é o que nos ofende!

Nos ofende saber que a Emater-MG é uma grande vitrine, que gera desenvolvimento e visibilidade para Minas Gerais, que a Empresa é amplamente mostrada pelo Governo como uma fonte de “emprego, renda e desenvolvimento” para o estado, mas sua importância não é refletida quando se trata de proporcionar condições justas de trabalho e remuneração aos responsáveis pelo excelente trabalho desenvolvido: as trabalhadoras e trabalhadores da ATER pública mineira.  Aí está a nossa maior ofensa!